O deputado estadual anteriormente ocupou o cargo de vice do governante atual, que agora está buscando promover um parente para sucedê-lo após romper com seu antigo parceiro.
Na primeira pesquisa Quaest sobre a eleição municipal em Belford Roxo (RJ), na Baixada Fluminense, Márcio Canella (União Brasil) lidera com uma vantagem significativa. O deputado estadual aparece com 51% das intenções de voto no levantamento estimulado, enquanto Matheus do Waguinho (Republicanos), sobrinho e correligionário do atual prefeito Waguinho, está com 25%. Canella e Waguinho eram aliados próximos até o pleito de 2022.
Assis Freitas (PSB) e Gustavo Ferreira (Novo) têm 1% cada um. Os indecisos correspondem a 12%, segundo o instituto, enquanto 10% declaram intenção de votar nulo, branco ou de não participar do pleito. A margem de erro é de quatro pontos percentuais para mais ou para menos.
Na pesquisa espontânea, onde os nomes dos candidatos não são apresentados aos entrevistados, o percentual de indecisos aumenta para 70%, indicando uma disputa potencialmente indefinida. Ainda assim, Canella mantém numericamente mais que o dobro da fatia de seu principal adversário: ele registra 19%, enquanto Matheus alcança 8%. Há também 1% para “outro” e 2% para branco/nulo.
Com dois nomes emergindo como favoritos neste início da campanha eleitoral, a Quaest simulou apenas um cenário de segundo turno. Nessa simulação, Canella obtém a preferência de 55% dos eleitores, contra 27% que escolheriam o parente do atual prefeito. Os indecisos somam 8%, e branco/nulo totalizam 10%.
Antigos parceiros
Em 2016, quando foi eleito prefeito de Belford Roxo pela primeira vez, Waguinho tinha Márcio Canella como vice. A aliança se manteve forte até 2022, quando, em campanha conjunta, Canella e Daniela Carneiro, esposa do gestor municipal, foram os candidatos mais votados do Rio para os cargos de deputado estadual e federal, respectivamente. Com o apoio do marido a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Baixada Fluminense durante o segundo turno da eleição presidencial daquele ano, Daniela chegou a ser ministra do Turismo do governo petista por alguns meses.
O rompimento começou exatamente pela decisão de Waguinho de apoiar Lula naquela ocasião, enquanto Canella optou por apoiar Jair Bolsonaro (PL), que buscava a reeleição. Antes disso, porém, o prefeito, que na época também estava no União Brasil, vetou a indicação de Canella para ser vice do governador Cláudio Castro (PL), que tentava — e conseguiu — a reeleição.
Em março do ano passado, a situação ficou crítica quando Waguinho comunicou a Canella que não o apoiaria para a sucessão, optando por apostar em seu sobrinho, Matheus, então secretário municipal de Gestão e Inovação. O rompimento foi ainda marcado pela tumultuada saída de Waguinho do União Brasil para assumir a liderança do diretório fluminense do Republicanos.
Diante das divergências entre os antigos aliados, a Quaest avaliou o impacto do apoio de Bolsonaro e Lula na eleição municipal de Belford Roxo. Quando os entrevistados foram informados sobre o endosso do ex-presidente Bolsonaro a Canella e do atual presidente a Matheus do Waguinho, as intenções de voto para o deputado estadual passaram de 55% para 53%, enquanto o sobrinho do prefeito saltou de 27% para 36%. Neste cenário, 4% dos entrevistados estão indecisos, e 7% optam por votar em branco ou nulo.
A pesquisa também questionou se os eleitores votariam em um candidato a prefeito de Belford Roxo apoiado por Lula ou Bolsonaro sem conhecê-lo previamente. Em ambos os casos, 69% responderam que não, com pequena variação nas respostas afirmativas: 29% para o apoio de Lula e 28% para o de Bolsonaro.
Avaliação da gestão do prefeito
Apesar do desafio inicial em impulsionar a candidatura de seu sobrinho, a administração de Waguinho na prefeitura é avaliada positivamente por 42% dos entrevistados, enquanto 25% têm uma visão negativa e 30% consideram regular. Outros 3% não souberam opinar ou não responderam.
Em relação às dez áreas prioritárias listadas pela Quaest, mais de 50% dos entrevistados reconhecem melhorias em seis delas sob a gestão de Waguinho: asfaltamento (69%), saúde (64%), educação (59%), habitação (55%), limpeza pública (53%) e cultura, esporte e lazer (51%). Em outras três áreas, há uma percepção maior de piora em comparação às melhorias: segurança (49% para piora, 42% para melhora), trânsito (49% para piora, 38% para melhora) e tratamento de esgoto (48% para piora, 38% para melhora). Finalmente, houve um empate entre os que percebem melhorias e pioras no transporte público, ambos com 40%.
A pesquisa foi encomendada pela Rádio Tupi do Rio de Janeiro e entrevistou presencialmente 614 moradores de Belford Roxo com 16 anos ou mais, entre os dias 14 e 15 de junho. O nível de confiança é de 95%.
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