A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) recentemente se viu no centro de uma grande polêmica ao surgir a notícia, depois desmentida oficialmente, de que o segundo uniforme da Seleção para a Copa de 2026 seria totalmente vermelho. Essa ideia, que pretendia homenagear a “garra brasileira”, acabou gerando forte rejeição nas redes sociais, com internautas transformando o suposto lançamento em memes e críticas ácidas.
A primeira menção à camisa vermelha partiu de um site estrangeiro, cujo rumor repercutiu rapidamente em portais nacionais e alimentou expectativas e especulações entre torcedores. Porém, na terça-feira, 29 de abril de 2025, a CBF emitiu uma nota oficial afirmando que as imagens divulgadas “não são oficiais” e reafirmando o compromisso com as cores tradicionais, amarelo, azul e branco, que há décadas acompanham a Seleção.
Grande parte da torcida enxergou na cor vermelha uma tentativa de “despolitizar” o uniforme amarelo, frequentemente usado em manifestações de cunho político nos últimos anos. No entanto, essa mudança abrupta não convenceu: um levantamento da Quaest, que compilou comentários em X, Instagram, Facebook, YouTube e Reddit ao longo de dois dias, revelou que 9 em cada 10 interações sobre o tema eram negativas.
A situação ganhou ainda mais contornos cômicos quando a CBF lançou um vídeo promocional para exaltar a nova suposta camisa. Em vez de empolgar, o material foi comparado a aberturas de novelas como Malhação e Senhora do Destino, reforçando a impressão de desconexão entre a entidade e o seu público.
Politicamente, o debate ultrapassou o âmbito virtual: o deputado federal Zé Trovão chegou a apresentar um projeto de lei para proibir qualquer cor que não respeitasse a tradição verde-amarela, classificando a ideia como uma afronta ao orgulho nacional. Do ponto de vista jurídico, porém, o artigo 13, inciso 3, do estatuto da CBF permite o uso de cores diversas no uniforme, desde que aprovadas pela diretoria, o que coloca em xeque apenas a sensibilidade na tomada da decisão, não a sua legalidade.
Em um país onde a camisa da Seleção transcende o esporte e simboliza a união nacional, mudanças tão drásticas exigem um processo de construção de narrativa que envolva torcedores, especialistas e a própria CBF. A polêmica em torno da cor vermelha torna evidente a necessidade de alinhar qualquer inovação estética ao respeito pelas tradições culturais, garantindo que futuras propostas sejam precedidas por ampla consulta popular e explicitação de seu significado, evitando desgastes e preservando um legado que emociona gerações.
