Declaração do presidente norte-americano ocorre em meio à crescente pressão militar e diplomática dos EUA sobre o regime de Nicolás Maduro
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta semana que o líder venezuelano Nicolás Maduro teria oferecido ao norte-americano acesso às riquezas naturais da Venezuela, como petróleo e ouro, em troca de uma trégua política.
Durante uma entrevista à emissora Fox News, Trump disse que Maduro estaria disposto a “entregar tudo” para evitar o aumento das tensões com Washington. “Ele me procurou, queria um acordo. Disse que nos daria tudo — petróleo, ouro, o que quiséssemos — se parasse de pressioná-lo. Eu disse não”, declarou o presidente norte-americano.
A fala ocorre em meio a um momento de forte pressão diplomática e militar dos Estados Unidos sobre o regime chavista. Nos últimos meses, o governo Trump intensificou sanções econômicas, ampliou a presença de forças militares no Caribe e autorizou operações secretas de inteligência na região, com o objetivo declarado de conter o que considera uma “ameaça à segurança hemisférica” representada por Caracas.
Desde agosto, uma frota de navios de guerra norte-americanos opera nas águas do Caribe, próxima à costa venezuelana. Além disso, caças F-35 foram deslocados para Porto Rico, e um bombardeiro nuclear realizou sobrevôos em áreas próximas à fronteira marítima venezuelana.
De acordo com Washington, a mobilização faz parte de uma operação contra o tráfico internacional de drogas, apontando a Venezuela como rota de entrada de entorpecentes nos EUA.
Entretanto, analistas observam que o discurso antidrogas serve também para ampliar a presença militar americana na região. A operação coincide com acusações diretas contra Nicolás Maduro, apontado pelos Estados Unidos como chefe do cartel de Los Soles — grupo recentemente reclassificado por Washington como organização terrorista.
Mais do que uma simples mudança de nomenclatura, essa reclassificação abre brechas legais para que a administração Trump autorize ações militares em outros países sob a justificativa de combate ao terrorismo, aproximando a retórica norte-americana atual da lógica empregada na “guerra ao terror” do início dos anos 2000.
Apesar da gravidade da declaração, não há confirmação oficial de que Maduro tenha formalizado uma proposta de negociação envolvendo concessões de recursos. O governo venezuelano ainda não se pronunciou sobre o assunto, mas tradicionalmente acusa os EUA de promover uma “guerra econômica e midiática” contra o país.
A Venezuela, que detém as maiores reserva de petróleo do mundo, enfrenta uma crise econômica e social profunda, agravada pelas sanções impostas por Washington desde 2019. A perda de capacidade de refino e a queda da produção petrolífera enfraqueceram o poder do regime de Maduro, que tenta manter-se no comando em meio a isolamento internacional e dificuldades financeiras.
Analistas avaliam que a nova declaração de Trump tem também um peso político interno, reforçando sua imagem de líder firme diante de governos autoritários e em meio a uma agenda externa voltada para a defesa dos interesses econômicos dos Estados Unidos.
Análise: a disputa pelo poder e pelas riquezas da América do Sul
A fala deatina, onde o controle sobre recursos naturais volta a se misturar com interesses estratégicos e disputas globais por poder.
O futuro das relações entre EUA e Venezuela
O futuro das relações entre Washington e Caracas parece caminhar para um cenário de confronto prolongado e pouca margem de diálogo. Mesmo que eventuais canais diplomáticos sejam reabertos, a desconfiança mútua e a politização das riquezas venezuelanas tornam improvável qualquer reaproximação em curto prazo.
Enquanto os Estados Unidos mantêm a estratégia de pressão e isolamento, Maduro aposta no apoio de aliados estratégicos como Rússia, China e Irã para resistir às sanções e garantir sua sobrevivência política. A tendência é que o relacionamento bilateral continue marcado por hostilidade e retórica beligerante, refletindo não apenas a disputa entre dois governos, mas também uma batalha simbólica pelo controle político e econômico da América do Sul. Trump reacende o debate sobre o papel estratégico da Venezuela na geopolítica mundial.
O país, aliado histórico de Rússia, China e Irã, continuam sendo uma peça central na disputa por influência e energia no continente sul-americano. Ao expor publicamente a suposta oferta de Maduro, Trump busca não apenas reafirmar o poder de Washington sobre o hemisfério, mas também pressionar adversários internacionais que mantêm presença econômica e militar na região.
A combinação de pressão militar no Caribe e retórica política agressiva sugere um novo ciclo de tensões na América L