Brasil acumula dívida externa de R$ 1,9 trilhão e vê saída de US$ 1,8 bilhão em agosto, diz BC.

O endividamento externo voltou ao debate econômico, levantando questionamentos sobre a sustentabilidade fiscal, os impactos no câmbio e a confiança dos investidores internacionais.

O Banco Central (BC) estima que, em julho, a dívida externa bruta do Brasil tenha atingido US$ 362,1 bilhões — montante que se aproxima de R$ 1,9 trilhão. Além da cifra expressiva, a autoridade monetária informou que agosto registrou saída líquida de dólares. O relatório do Banco Central mostra que a dívida externa apresentou pequena redução em julho, após ter sido projetada em US$ 363, 133 bilhões no mês de junho. Detalhe de prazos: De acordo com o Banco Central, a dívida externa se divide em dois prazos principais.

A maior parcela está concentrada no longo prazo, que soma US$ 269, 006 bilhões, enquanto as obrigações de curto prazo totalizam US$ 93, 141 bilhões. A dívida externa brasileira, que corresponde aos compromissos financeiros do país com credores estrangeiros, tem sido pauta recorrente entre economistas e especialistas. Embora esteja em níveis considerados administráveis pelo Banco Central, as variações cambiais e a instabilidade global trazem preocupações sobre a capacidade do Brasil de manter o equilíbrio das contas públicas e o crescimento econômico sustentável.

Déficit no fluxo cambial: O Banco Central informou que, até 22 de agosto, o fluxo cambial acumulado no país registrou déficit de US$ 1, 833 bilhão, confirmando o cenário adverso para entrada de dólares.

Observando os setores comerciais e financeiros: Essa saída de recursos foi observada nos dois principais segmentos. O setor financeiro, que inclui investimentos e remessas, teve o maior impacto, com um déficit de US$ 1, 814 bilhão. Já o setor comercial registrou um saldo negativo de US$ 19 milhões, com as importações (US$ 15, 131 bilhões) superando as exportações (US$ 15, 112 bilhões).

O relatório do Banco Central também apontou que a posição líquida dos bancos no mercado à vista de câmbio estava vendida em US$ 27, 812 bilhões no período analisado.

 

O que é a dívida externa do Brasil?

 

“A dívida externa do Brasil é o valor total de empréstimos e outros compromissos financeiros contraídos ou estabelecidos pelo governo brasileiro ou por empresas brasileiras, estatais ou privadas, com entidades no exterior, que podem ser bancos, instituições financeiras, organizações internacionais como o Banco Mundial e o FMI (Fundo Monetário Internacional) ou outros governos nacionais.

“Então, podemos dizer que a dívida externa brasileira corresponde ao montante de moeda estrangeira que o país deve, ainda, pagar para agentes de fora que atuaram como financiadores ou credores do Brasil em algum momento.”

A dívida externa do Brasil teve início formal em 1825, com um empréstimo de 2 milhões de libras esterlinas da Inglaterra para reconhecer a independência do país. Desde então, o endividamento cresceu, principalmente com recursos para a Guerra do Paraguai, passando por diversas renegociações e novos empréstimos ao longo do século XX, especialmente durante a ditadura militar nos anos 1970 e 1980. A história da dívida externa do Brasil começou em 1825, quando o país foi forçado a contrair um empréstimo de 2 milhões de libras esterlinas com a Inglaterra para pagar Portugal pelo reconhecimento formal de sua independência.

Durante o período do Brasil Império (1825-1889), a dívida continuou a crescer com novos empréstimos, incluindo os destinados a financiar o país durante a Guerra do Paraguai (1864-1870).

No início da República, o governo precisou renegociar essas dívidas por meio dos chamados funding loans, evitando a moratória, ou seja, a suspensão temporária dos pagamentos. Ao longo do início do século XX e durante o governo de Getúlio Vargas, o Brasil seguiu renegociando suas dívidas, que chegaram a ser suspensas novamente durante o Estado Novo.

Nas décadas de 1970 e 1980, o endividamento externo cresceu expressivamente, à medida que empresas e os governos contraíam empréstimos no exterior para financiar obras de infra-estrutura. Com o aumento acelerado da dívida, o país enfrentou sérios problemas de solvência: em 1985, o endividamento ultrapassava US$ 100 bilhões.

A situação tornou-se crítica com a crise financeira internacional de 1982, que interrompeu os fluxos de capital. Em 1987, o Brasil chegou a declarar moratória, suspendendo oficialmente os pagamentos da dívida externa.

Na década de 1990 e anos 2000, o país voltou a recorrer a empréstimos do FMI. No entanto, graças ao crescimento econômico e à política fiscal responsável, o Brasil conseguiu quitar toda a dívida com o Fundo Monetário Internacional e, em 2009, alcançou a posição de credor da instituição.

Em 2025

A dívida externa do Brasil subiu para US$ 746,6 bilhões no primeiro trimestre de 2025, ante US$ 718,9 bilhões registrados no quarto trimestre de 2024.

Dívida Externa Bruta Total do Brasil: a dívida externa representa a parte da dívida total que precisa ser paga a credores localizados fora do país.
Atual Anterior Maior Menor Datas Unidade Periodicidade
746604,82 718861,63 768272,32 64259,50 1980 – 2025 Usd – Milhões Trimestral

Reginaldo Nogueira, diretor nacional do Ibmec, classifica o crescimento da dívida pública brasileira como fora de controle. Em entrevista à CNN, ele alertou que, pelo ritmo atual das contas fiscais, o país se aproxima de um ponto em que a reversão saudável da dívida será impossível.

“O Brasil está ficando sem tempo”, afirmou Nogueira.

 

O economista destacou ainda que a taxa de juros do Banco Central, atualmente em 15%, colocou o país como o segundo com a maior taxa de juro real do mundo, de 9,76% em 2025, atrás apenas da Turquia (10,88%). Diferente de países desenvolvidos, onde a dívida é alta, mas os juros e prêmios de risco são menores, o Brasil enfrenta um cenário de vulnerabilidade econômica, segundo especialistas.

Edit Template

© 2024 Revista Fique Sabendo – Todos os direitos reservados

Rolar para cima