Câmara dá urgência a projeto de anistia pelos atos do 8 de Janeiro

 Resumo da decisão da Câmara

  • A Câmara aprovou o regime de urgência para o PL que concede anistia aos condenados pelos protestos de oito de janeiro de 2023.
  • Placar: 311 votos a favor × 163 contra.
  • Com a aprovação da urgência, o texto segue diretamente para análise do plenário, sem precisar passar pelas comissões permanentes.

 Orientações partidárias

  • A favor da urgência: Partidos de centro e direita, como PP, Republicanos, PSD, União Brasil, além de outras legendas que se alinharam ao texto.
  • Contra a urgência: PT, PSOL, PSB, PDT e, de forma isolada, o MDB.

Próximos passos

Agora, a Câmara deve pautar a votação do mérito do projeto (se a anistia será de fato concedida ou não). O placar de 311 × 163 já indicam uma tendência de apoio expressivo à anistia, mas a discussão no plenário pode trazer emendas ou ajustes no texto.

Além da aprovação da urgência, o debate em torno do projeto revelou um forte embate político e jurídico.

 Divergência jurídica

 

Ministros do STF já sinalizaram que a proposta de anistia seria inconstitucional, por envolver crimes contra o Estado Democrático de Direito. Especialistas em direito penal e constitucional também alertam que a medida poderia abrir um precedente perigoso, estimulando novos ataques às instituições sem punição proporcional.

 Cenário político

 

O movimento da Câmara foi interpretado como uma estratégia política do presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB). Segundo apuração do R7, a votação funcionou como um gesto à oposição, que foi essencial na aprovação da PEC das Prerrogativas, no dia anterior. Contudo, não há compromisso de que o mérito da anistia será votado em breve — o texto pode até mesmo ficar paralisado.

Enquanto isso, a oposição pressiona para que a votação de mérito ocorra em até 15 dias, buscando acelerar o processo.

 O que está em análise

O projeto de autoria de Marcelo Crivella (Republicanos-RJ) — entre sete propostas correlatas sobre o tema — prevê:

  • Anistia a atos políticos e eleitorais entre 30/10/2022 e a entrada em vigor da lei.
  • Inclusão de episódios como: oito de janeiro de 2023;

Paralisações em rodovias após a derrota de Bolsonaro;

O atentado à bomba no Aeroporto de Brasília;

O ataque à sede da Polícia Federal em 2022.

Perdão também se estende a multas aplicadas pela Justiça Eleitoral ou comum, a pessoas e empresas envolvidas nesses atos.

 

 Limites da anistia

 

O texto não prevê perdão para:

  • Crimes de tortura, terrorismo, tráfico de drogas, hediondos ou contra a vida;
  • Doações acima de R$ 40 mil para atividades políticas/eleitorais;
  • Infrações disciplinares de servidores e agentes de segurança.
    Também não inclui Jair Bolsonaro, nem investigados nos inquéritos das fake news ou da trama golpista.

Perspectivas

A votação do mérito dependerá da negociação de um relator e de articulações políticas nas próximas semanas. Embora a oposição pressione pela votação rápida, aliados do governo trabalham para atrasar ou barrar a proposta.

Votação da urgência da anistia (311 × 163)

Partidos Posição Detalhes
PT ❌ Contra Defende que crimes contra a democracia não podem ser anistiados.
PSOL ❌ Contra Linha mais dura contra qualquer forma de perdão.
PSB ❌ Contra Acompanha posição do governo Lula.
PDT ❌ Contra Também se alinhou ao bloco governista.
CEI ❌ Contra (exceção) O líder Isnaldo Bulhões (MDB-AL) reconheceu tentativa de golpe em 8/1, defendeu recálculo de penas, mas não anistia ampla.
PP ✅ A favor Base do centrão apoiou a urgência.
Republicanos ✅ A favor Autor do projeto (Marcelo Crivella) é do partido.
PSD ✅ A favor Endossou a urgência junto com centrão.
União Brasil ✅ A favor Fechou questão a favor da urgência.
PL ✅ A favor Principal partido de oposição, ligado a Bolsonaro.
Outros menores ✅/❌ Divididos Alguns partidos nanicos acompanharam oposição; outros, o governo.

 Resumo:

  • Favoráveis (311): centrão (PP, PSD, Republicanos, União Brasil), PL e aliados.
  • Contrários (163): base governista (PT, PSOL, PSB, PDT) + MDB.

 

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